sábado, janeiro 26, 2013

a menina dos olhos azuis

Postado por Camilla Bazzanella 1 comentários
Ela queimava as fotos. Uma por uma, assistindo conforme se desfaziam e viravam nada mais que cinzas. Junto com as fotos, ela queimava de sua memória todas as lembranças, as boas e principalmente as ruins. Dele, não queria nada. Não queria sequer lembrar-se de que ele havia existido e feito parte de sua vida.

A menina dos olhos azuis uma vez tão sonhadores agora sentia-se amortecida, como se estivesse sob o efeito de algum remédio muito forte. Todos os sonhos e esperanças e planos que ela tinha agora eram a mesma coisa que as fotos: cinzas. Acabou. Tudo.

Como pode uma menina tão comum recuperar-se de uma queda dessas depois de chegar às nuvens? Ela não tinha superpoderes, não tinha nem um talento que a fizesse destacar-se na multidão. Uma multidão tão vasta e assustadora. Ela não era nada especial. Não tinha uma existência extraordinária que fizesse a ida dele não significar nada. Não. Tudo que ela conhecia e se sentia confortável com estava perto dele e agora ela havia sido simplesmente deixada de lado.

Ela tinha dado tudo de si, feito o possível e o impossível por ele, mas mesmo assim não tinha sido o suficiente. Será que jamais seria suficiente? Como disse, não era nada especial. Era inútil. Sentia-se inútil. Perguntava-se se valia a pena todo o esforço de começar de novo. A verdade era que ela nunca acharia seu lugar. Não era boa o suficiente.

A menina dos olhos azuis largou as fotos restantes, sentindo-se tonta. Tonta e fraca, tão fraca. Talvez ela não estivesse assim, amortecida, como se houvesse tomado um remédio muito forte. Talvez... Talvez... As imagens não faziam mais tanto sentido, ela se esforçava para entender, para tentar lembrar o que estava acontecendo. Mas era tão difícil... Exigia tanto dela e suas forças se esvaíam. Seus olhos pesavam, ela precisava fechá-los. A escuridão parecia tão aconchegante, aproximando-se cada vez mais. Lá, talvez ela seria boa o suficiente. Lá, onde ninguém poderia vê-la.

Ela sorriu fracamente, deitando sobre o tapete fofo aos pés de sua cama e deixando-se levar pela escuridão. A última coisa que viu foi um frasco vazio de anti depressivos caído no chão.

quarta-feira, janeiro 23, 2013

um dia

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Um dia a gente aprende, aprende que a vida é curta demais para reparar nos defeitos das coisas e das pessoas. Um dia a gente aprende que não importa se você conhece uma pessoa há 10, 20 anos, isso não significa que ela vai te apoiar em todos os momentos. Um dia a gente aprende que o único apoio com o qual podemos contar é o de nós mesmos, e que isso não significa que temos de viver isolados. Um dia a gente aprende que todos esses versos escritos e cantados sobre um tal de amor têm fundamento, e que quando a gente aprender isso, também terá vontade de escrever e cantar. Um dia a gente aprende que uma lembrança feliz tem o poder de nos salvar do pior dos dias. Um dia a gente aprende que, pra ser feliz de verdade, precisamos aprender a viver o agora sem se arrepender pelo ontem ou ansiar pelo amanhã. A única coisa que precisamos é de um sorriso no rosto.

domingo, janeiro 20, 2013

talvez

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Se eu pudesse fazer uma coisa que quisesse muito nesse exato momento, seria estar frente a frente com você. Pra dizer, gritar, tudo que está entalado em minha garganta há muito tempo. Talvez então eu teria coragem até de dizer que venho sentindo sua falta, falta de você e também daquele tempo que não volta mais. Mas a realidade é que você está aí e eu estou aqui e tem um abismo entre nós dois.

sábado, janeiro 19, 2013

on missing you

Postado por Camilla Bazzanella 1 comentários

Here is the skin that you said you loved 
draped over the back of the chair in the kitchen. 
Here are the teeth. 
Here is the sternum, the clavicle, the fibula. 
Here are the angel bones laid out on top of the dresser like antique jewelry. 
Here are the earlobes, the knobby elbows, 
the beauty mark near my temple that always got a moan out of you. 
Here are my thighs, my femur. 
All ten toes, all ten fingers. 
My pubic bone, preserved and wrapped in a velvet bag. 
Your name on the tag. 
Your name on everything. 
Here is the body that loved you. 
Here is the heart, bloodied and wanting. 
Here are the drunk voice mails, the sober texts. 
Here is your promise of staying. 
Here is the lonely hum in my brain where your name used to be. 
Here is my spine. 
Here is all the hollow. 
Here is all the longing. 
Here is the heavy tongue, the scratchy vocal chords. 
Here are all the I love you's
Here is the shocking wreck of it all. 
Here is how you were closer to me than my bones, my skin. 
Here is the quiet city, your empty side of the bed. 
Here is the empty. 
Here is not knowing whether you loved me or not. 
Here is the poem that can't save us. 
Here.

(Kristina H)

domingo, janeiro 13, 2013

the truth about forever

Postado por Camilla Bazzanella 3 comentários
Se tem uma coisa que aprendi sobre o tal "para sempre" é que ele não existe. Ao menos não da maneira como o imaginamos. 

"Para sempre" nada mais é do que um conceito que criamos na tola ideia de que o que nos traz felicidade ou conforto ou paz deveria perdurar por todo tempo que o tempo é. Esse conceito em si é uma maneira de nos trazer conforto.

Quer dizer, a partir do momento que essas duas palavrinhas mágicas são pronunciadas, seja numa conversa com sua melhor amiga na sala de estar ou sob a luz do luar junto da pessoa que você jura ser sua alma gêmea, tudo simplesmente muda. Você olha para as coisas de uma perspectiva diferente, acreditando cegamente que a outra pessoa tem tanta fé no para sempre e no quanto ele significa quanto você.

A verdade sobre o para sempre é que ele também está sujeito às mudanças do tempo, tanto quanto nós. A sua definição do que ele é e do papel que tem na sua vida não era a mesma há 10 anos atrás e certamente mudará nos próximos 10 anos. Porque o para sempre, na verdade, não é uma ideia de futuro. Ele está acontecendo agora. E agora.

E aí? O que você está fazendo do seu "para sempre"?

sexta-feira, janeiro 04, 2013

demasia

Postado por Camilla Bazzanella 1 comentários
"Você tem sonhos demais."

Essa foi a frase que ouvi hoje. 


Mas como posso evitar? Há um mundo imenso esperando por ser conquistado. Inúmeras experiências, pessoas, culturas a serem conhecidas. Existe tanta coisa legal a se fazer e não consigo evitar querer tudo ao mesmo tempo e no tempo que eu quiser. Escrever um livro, fazer um mochilão pela Europa, aprender 5 línguas, ir a shows dos meus artistas favoritos, me casar com o homem dos sonhos e ter a lua de mel na Itália, morar no exterior, ter sucesso no livro escrito e me tornar uma daquelas escritoras que vão até um café na esquina de casa e pensam em como vai ser o personagem principal de seu próximo romance.


Eu quero tudo. Quero ser feliz, quero ser amada e me sentir confortável em minha própria pele. Não me incomodo com sonhar tanto assim. Acredito que, quanto mais se sonha, mais se pode conquistar. O horizonte é infinito. Eu quero chegar lá em cima. Quero tocar as nuvens sem ter medo de cair. Não preciso de asas. Preciso de força de vontade.

E eu vou conseguir.
 

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