domingo, setembro 30, 2012

magia

Postado por Camilla Bazzanella 1 comentários




Eu sonhei com magia. Sonhei com príncipes encantados, reis, rainhas, enormes castelos e até quem sabe uma fada madrinha. Uma fada madrinha, sim, pra realizar os desejos que mantenho guardados em meu coração sob sete chaves. Quem sabe até pedir a ela para transformar o meu simples par de Allstar em luxuosos sapatos de cristal. Mas apesar da magia me encantar e atrair como se fosse um pacote de doces para uma criança, eu gosto da realidade. Gosto do fato de que posso discernir quando estou acordada e quando estou dormindo. Gosto do poder de abrir os olhos e enfrentar a vida sem saber o que vai acontecer, sem saber se vou conseguir realizar os sonhos que tanto almejo. Sem saber se, um dia, vai aparecer alguém em minha vida, alguém tão especial, que vai transformar meu Allstar em um sapato de cristal, que vai transformar a minha realidade em um sonho incrível, repleto de uma magia incomparável, a mais poderosa de todas, a única que está ao nosso alcance: o amor. E sem varinha mágica.

sábado, setembro 29, 2012

epifania

Postado por Camilla Bazzanella 2 comentários



Sempre acreditei que tudo era mais fácil quando não se envolviam sentimentos profundos e complicados de explicar. Sem sentimentos que chegavam e rendiam teu corpo e tua mente de tal forma que tu perde o controle completamente. 


Impotência. Não gosto de me sentir impotente. Gosto que tudo corra da forma como desejo e da forma como planejei. Acho que é por isso que escolhi seguir o caminho da vida fácil, da vida que chega a sexta-feira e tudo o que importa é encher a cara, flertar com um cara e acordar no dia seguinte com cheiro de colônia barata no travesseiro e aquela sensação de que o mundo é simples e as pessoas é que o fazem complicado.


O problema é que, no dia seguinte, especificamente hoje, tudo o que eu tenho é uma puta dor de cabeça, a maquiagem borrada e o quarto vazio. Vazio.


Decido que esse sentimento terrível e angustiante que surge na boca do meu estômago deve passar depois de alguns comprimidos e um banho quente. Mas depois de 1 hora, remédios que falharam em fazer efeito e o corpo ainda úmido enrolado em uma toalha, eu percebo que toda a bebida ingerida na noite passada não é a causa desse sentimento incessante, irritante.


Ligo a TV pra espantar de minha mente os pensamentos, mas tudo o que encontro ali é um lembrete daquele outro caminho que escolhi deixar pra trás há tanto tempo. Vejo amor. E por mais que eu saiba que a cena se desenrolando por trás da tela seja o resultado de dias de ensaio, roteiros amarrotados pelo uso e litros de café ingeridos, aquilo ainda me parece mais crível do que a maneira com a qual me engano a cada noite que passa.


Talvez eu precise de um roteiro. Um roteiro daqueles que me faça entrar  no personagem e ser o personagem, viver aquela vida falsa por trás das câmeras, sem se importar com nada além de decorar falas e fingir estar apaixonada.


Ou talvez eu precise de mais álcool. Coloco o primeiro vestido que acho no armário e uma sandália qualquer, saindo pela porta sem me importar com a TV ligada que conta histórias de mentira envolvendo corações de verdade.


O bar mais próximo que encontro cheira a fumaça e sujeira, mas entro e me sento próxima ao bartender de qualquer jeito. Sinalizo com a mão e ele faz exatamente o que eu quero: me serve uma dose de cachaça que desce queimando e apagando qualquer traço do sentimento ruim que eu sentia 2 minutos atrás.


Deveria existir mais homens como ele.


Mal percebi quando alguém sentou ao meu lado. Devem ter passado 10 minutos, 30 ou 2 horas, eu não sei. Só sei que ele me ofereceu uma bebida. Porre de graça? É claro que eu ia aceitar. Me virei para dizer que sim e foi aí que aconteceu.


O sentimento que eu acreditava ter ido embora junto com as primeiras doses que desceram queimando voltou. E com força. Mas ele não é mais irritante. Ele agora é engraçado, diferente e delicioso.


O homem que havia me oferecido uma bebida era lindo. Charmoso, divertido e fácil de conversar. Sei que era pra ser uma bebida, mas já foram tantas que mal sei o que estou dizendo.


Talvez seja disso que eu precise. De alguém pra pagar o meu porre, que ria da minha risada embriagada assim como esse homem que surgiu do nada está fazendo. 


O fato é que não estou usando maquiagem e ele não está usando colônia barata.


Talvez dessa vez seja diferente. Afinal, hoje é sábado.
 

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